sábado, 16 de maio de 2009

Daniel Mitrione - A trajetória no Brasil do americano instrutor de tortura


Aulas de Tortura: os Presos-Cobaias (texto completo aqui)

A agente americano do FBI, Dan Mitrione, foi um dos instrutores enviados para a América do Sul para o treinamento em tortura na região, nos primeiros anos do Regime Militar.

Mitrione utilizou mendigos recolhidos nas ruas para adestrar a polícia local em tortura e sabe-se que foi , na verdade, um dos primeiros a introduzir treinamento em tortura no Brasil.
Seviciados em salas de aula, seres humanos foram usados por Daniel Motrione nas várias modalidades de criar, no preso, a suprema contradição entre o corpo e o espírito, atingindo-lhe os pontos vulneráveis.

Depois de atuar na Coréia e no Vietnã, Mitrione veio ensinar técnicas avançadas de tortura no Brasil: "Entre outros suplícios, introduziu o cassetete elétrico, reformou o pau-de-arara e passou a ensinar os lugares mais dolorosos para os choques elétricos." Mitrione, depois do Brasil foi enviado para o Uruguai, onde morreu , tendo sido enterrado em Washington com honras militares (Memórias de um repórter, Edmar Morel)

A historiadora uruguaia Clara Aldrighi , autora do livro "El Caso Mitrione" - La intervención de Estados Unidos em Uruguay, após 5 anos de investigações e desclassificação de documentos aborda os fatos sobre o torturador-instrutor Dan Mitrione.



A tor­tura no Brasil , ao contrário da aparente "informalidade", teve princípios baseados em “mé­todos científicos”, desenvolvidos por profissionais e transmitidos por instrutores treinados em tais métodos. Fez parte do currículo de formação de militares tanto no Brasil quanto daqueles enviados para treinamento na Escola das Américas (video sobre a Escola AQUI).

Dados atuais das Organizações das Nações Unidas (ONU) indicam que 1.295 pessoas foram mortas pelas forças policiais de São Paulo e Rio de Janeiro em 2002. Várias dessas pessoas apresentavam sinais de execução.

Enquanto nos anos 60 e 70, no período militar, os agentes da repressão aprendiam técnicas de torturas com estrangeiros, como os franceses que lutaram na guerra da Argélia, ou com norte-americanos, como Dan Mitrione, pesquisas recentes indicam a continuidade desta prática no Brasil e apontam para o fato de que , atualmente, israelenses vêm treinar essas técnicas no Brasil, segundo pesquisa da Historiadora Susel Oliveira da Rosa.

A historiadora Susel Oliveira da Rosa investigou os vínculos entre polícia e política e como essa conexão contribui para a banalização da violência na atualidade.

“Atualmente, ao contrário, temos relatos que indicam que os israelenses vêm treinar essas técnicas no Brasil”, diz. “No Brasil, há uma clara assunção da vida pelo poder”, afirma a pesquisadora, que foi orientada pelo professor Ítalo Tronca, do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.

“A questão não é nova, pois nos remete ao século XIX, época em que o direito soberano foi cedendo lugar à biopolítica, por meio da qual o Estado passou a gerir a vida da população. Também não é exclusivamente nacional, dado que faz parte de outras culturas. Entretanto, não se pode negar que no Brasil o problema assumiu proporções assustadoras”, afirma.

O texto completo pode ser lido AQUI.

PS: Mitrione foi posteriormente transferido para Montevidéu, onde acabou sequestrado e morto.